
Em 2016, Buster Benson fez um post na plataforma Medium em que organizava os mais diversos vieses cognitivos apresentados na lista da Wikipedia em inglês. A proposta era espetacular: vencer a complexa confusão da lista filtrando duplicatas, reunindo fenômenos semelhantes mas com nomes diferentes e organizando hierarquicamente os vieses de acordo com os problemas cognitivos que o cérebro procura resolver. Problemas estes que podem ser compreendidos de forma fácil e quase intuitiva.
A qualidade e a potencial utilitário do texto foram tamanhos que post se tornou popular com o tempo e já conquistou mais um milhão de visualizações. Como consequência do sucesso, o post, cuja versão original pode ser encontrada aqui, está sendo expandido para se transformar num livro sobre a arte de ter mais discordâncias produtivas, a ser lançado ainda este ano. Você pode apoiar a pesquisa e a concepção do livro se tornando um patreon por US$ 1 ao mês ou assinar a newsletter.
Com a autorização do autor, apresento aqui uma versão em língua portuguesa do texto que pode ser bem útil para nós nativos no idioma de Camões. Alguns desafios para esta tradução surgiram, a começar pelo título: “folha de colas” não é tão comum em português “cheat sheet” em inglês, representando aquela folhinha com informações essenciais que pode ser sacada num momento adequado (ou antiético, como colar numa prova). Decidi então chamar o texto pelo que ele é, uma “Lista simplificada de vieses cognitivos”. O maior problema, entretanto foi: como traduzir uma lista de links em inglês em que apenas alguns itens possuem uma contraparte em português? Optei por traduzir os nomes dos vieses para o português, linka-los à lista original em inglês e, sempre que houver uma versão em língua portuguesa para o fenômeno apresentado, o leitor pode clicar em (pt) para a versão em português.
Boa leitura.
Lista simplificada de vieses cognitivos
Porque pensar é difícil.
Buster Benson

Passei muitos anos citando a lista de vieses cognitivos da Wikipédia sempre que tenho um palpite de que um certo tipo de pensamento é um viés oficial mas não consigo me lembrar do nome ou dos detalhes. Ela tem sido uma referência inestimável para me ajudar a identificar as falhas ocultas em meu próprio pensamento. Nada mais que eu tenha visto parece ser tão abrangente e sucinto.
No entanto, honestamente, a página da Wikipedia é um pouco confusa. Apesar de tentar absorver as informações desta página muitas vezes ao longo dos anos, muito pouco parece se manter. Freqüentemente faço uma varredura e sinto que não consigo encontrar o viés que estou procurando e depois esqueço rapidamente o que aprendi. Eu acho que isso tem a ver com a forma como a página evoluiu organicamente ao longo dos anos. Hoje, ela agrupa 175 vieses em categorias vagas (vieses de tomada de decisão, vieses sociais, erros de memória, etc.) que realmente não parecem mutuamente exclusivos para mim, e os relaciona alfabeticamente em categorias. Há duplicatas demais e muitos vieses semelhantes com nomes diferentes espalhados à toa.
Eu tirei um tempo nas últimas quatro semanas (estou de licença de paternidade) para tentar absorver e entender mais profundamente essa lista, e tentar criar uma estrutura de organização mais simples e clara para evitar esses vieses. Ler profundamente sobre vários vieses deu ao meu cérebro algo para mastigar enquanto eu coloco o pequeno Louie para dormir.
Comecei com a lista bruta dos 175 vieses e adicionei todos a uma planilha, depois fiz outro exame removendo duplicatas e agrupando vieses semelhantes (como efeito de bizarrice e efeito de humor) ou vieses complementares (como viés de otimismo e viés de pessimismo). A lista desceu para cerca de 20 estratégias mentais tendenciosas únicas que usamos por razões muito específicas.
Fiz várias tentativas diferentes de agrupar esses 20 ou mais em um nível mais alto, e eventualmente consegui agrupá-los pelo problema mental geral que eles estavam tentando resolver. Cada viés cognitivo está lá por uma razão – principalmente para economizar tempo ou energia no nosso cérebro. Se você olhar para eles pelo problema que eles estão tentando resolver, fica muito mais fácil entender por que eles existem, como eles são úteis e as compensações (e os erros mentais resultantes) que eles introduzem.
Quatro problemas que os vieses nos ajudam a abordar:
Sobrecarga de informação, falta de significado, necessidade de agir rápido e como saber o que precisa ser lembrado depois.
Problema 1: muita informação.
Há muita informação no mundo, não temos escolha senão filtrar quase tudo. Nosso cérebro usa alguns truques simples para escolher os bits de informação que provavelmente serão mais úteis de alguma forma.
- Percebemos coisas que já estão prontas na memória ou repetidas com frequência. Essa é a regra simples de que nossos cérebros têm mais probabilidade de perceber coisas relacionadas a outras coisas que foram guardadas recentemente na memória. Veja: Heurística de disponibilidade (pt), Viés atencional (pt), Efeito de verdade ilusória, Efeito de mera exposição, Efeito de contexto, Esquecimento dependente de deixa, Viés de memória congruente com humor, Ilusão de freqüência, Fenômeno de Baader-Meinhof, Lacuna de empatia (pt).
- Coisas bizarras/engraçadas/visualmente impressionantes/antropomórficas se destacam mais do que coisas não-bizarras/sem graça. Nossos cérebros tendem a dar mais importância a coisas que são incomuns ou surpreendentes. Alternativamente, tendemos a ignorar informações que consideramos comuns ou esperadas. Veja: Viés de bizarrice, efeito de humor, Efeito Von Restorff , Negativity bias, Viés de publicação (pt), Viés de Omissão.
- Percebemos quando algo mudou. E geralmente tenderemos a avaliar o significado do novo valor mais pela direção em que a mudança aconteceu (positiva ou negativa) do que observando o novo valor como se tivesse sido apresentado sozinho. Também se aplica quando comparamos duas coisas semelhantes. Veja: Ancoragem (pt), Efeito de contraste (pt), Efeito de foco (pt), Efeito de enquadramento, Lei de Weber–Fechner (pt), Viés de distinção.
- Somos atraídos por detalhes que confirmam nossas crenças pré-existentes. Este é um grande truque. Como é também o corolário: tendemos a ignorar detalhes que contradizem nossas próprias crenças. Veja: Viés de confirmação (pt), Viés de congruência, Racionalização pós compra, Viés apoiador da escolha, Percepção seletiva, Efeito de expectativa do observador, Viés do experimentador, Efeito do observador, Viés da expectativa, Efeito Ostrich, Validação subjetiva, Efeito da influência contínua,
Efeito Semelweis , Erro do balde, Lei da gravidade narrativa.
- Percebemos falhas nos outros mais facilmente do que em nós mesmos. Sim, antes de ver esse artigo como uma lista de peculiaridades que comprometem a maneira como as outras pessoas pensam, perceba que você também está sujeito a essas tendências. Veja: Viés de ponto cego, Cinismo ingênuo, Realismo ingênuo.
Problema 2: Pouco significado
O mundo é muito confuso, e acabamos vendo apenas uma pequena parte dele, mas precisamos enxergar algum sentido nele para sobreviver. Uma vez que o fluxo reduzido de informações se apresenta, nós conectamos os pontos, preenchemos as lacunas com coisas que já achamos que sabemos e atualizamos nossos modelos mentais do mundo.
- Encontramos histórias e padrões mesmo em dados esparsos. Como só obtemos uma pequena parte das informações do mundo e filtramos quase todo o resto, nunca temos o luxo de ver a história completa. É assim que nosso cérebro reconstrói o mundo para se sentir completo em nossas cabeças. Veja: Confabulação (pt), Ilusão de agrupamento, Insensibilidade ao tamanho da amostra, Negligência da probabilidade, Falácia anedótica, Ilusão de validade, Falácia do homem mascarado, Ilusão do recente, Falácia do apostador (pt), Falácia da mão quente, Correlação ilusória, Pareidolia (pt), Antropomorfismo (pt).
- Preenchemos características com estereótipos, generalidades e histórias anteriores sempre que há novas instâncias específicas ou lacunas na informação. Quando temos informações parciais sobre uma coisa específica que pertence a um grupo de coisas com as quais estamos bastante familiarizados, nosso cérebro não vê problema em preencher as lacunas com melhores apostas ou com o que outras outras fontes confiáveis forneçam. Convenientemente, nós esquecemos quais partes eram reais e quais foram acrescentadas. Veja: Erro de atribuição de grupo, Erro de atribuição final, Estereótipo (pt), Essencialismo (pt), Fixação funcional, Efeito de credencial moral, Hipótese de mundo justo, Falácia da falácia, Viés de Autoridade, Viés de automação, Efeito manada (pt), Efeito placebo (pt).
- Imaginamos coisas e pessoas com quem estamos familiarizados ou gostamos mais do que coisas e pessoas com quem não estamos familiarizados ou que não gostamos. É semelhante ao caso acima mas os bits adicionados também incluem, geralmente, suposições sobre a qualidade e o valor da coisa que estamos vendo. Veja: Efeito Halo (pt), Viés intragrupo, Homogeneidade fora do grupo, Efeito de raça cruzada, Efeito líder de torcida, Efeito da estrada conhecida, Não inventado aqui (pt), Desvalorização reativa, Efeito de positividade.
- Simplificamos probabilidades e números para torná-los mais fáceis de pensar. Nossa mente subconsciente é péssima em matemática e geralmente entende errado todo tipo de coisa sobre a probabilidade de algo acontecer se algum dado estiver faltando. Veja: Contabilidade mental, Viés de normalidade, Falácia de apelo à probabilidade, , Falácia da taxa básica, Lei de Murphy (pt), Lei de Hofstadter (pt), Efeito de subaditividade, Viés do sobrevivente, Viés de soma zero, Efeito de denominação, O número mágico 7+-2, Ilusão do corpo do nadador, Ilusão monetária (pt), Conservadorismo.
- Pensamos que sabemos o que os outros estão pensando. Em alguns casos, isso significa que assumimos que eles sabem o que sabemos, em outros casos, assumimos que estão pensando sobre nós tanto quanto estamos pensando sobre nós mesmos. Basicamente, é apenas um caso de modelarmos a mente deles a partir da nossa (ou, em alguns casos, a partir de uma mente muito menos complicada do que a nossa). Veja: Maldição do conhecimento, Ilusão da transparência, Efeito holofote, Efeito poste, Ilusão do agente externo, Ilusão de percepção assimétrica, Erro dos incentivos extrínsecos.
- Projetamos nossa mentalidade e suposições atuais no passado e no futuro. Isso é amplificado também pelo fato de não sermos muito bons em imaginar o quão rápido ou devagar as coisas vão acontecer ou mudar com o tempo. Veja: Viés da retrospectiva, Viés do resultado, Sorte moral, Declinismo, Efeito telescópio, Retrospectiva idílica (pt), Viés de impacto, Viés do pessimismo, Falácia do planejamento, Viés da economia de tempo, Viés pró inovação, Viés de projeção, Viés da restrição, Viés da auto consciência.
Problema 3: Necessidade de agir rápido.
Estamos limitados pelo tempo e pela informação e, no entanto, não podemos deixar que isso nos paralise. Sem a capacidade de agir rapidamente diante da incerteza, certamente teríamos desaparecido como espécie há muito tempo. Com cada nova informação, precisamos fazer o melhor possível para avaliar nossa capacidade de alterar a situação, aplicá-la a decisões, simular o futuro para prever o que pode acontecer a seguir e agir de acordo com nossa nova compreensão.
- Para agir, precisamos confiar em nossa capacidade de causar impacto e sentir que o que fazemos é importante. Na verdade, a maior parte dessa confiança pode ser classificada como excesso de confiança, mas sem ela podemos não agir. Veja: Efeito de excesso de confiança, Viés egocêntrico, Viés de otimismo, Viés de desejabilidade social, Efeito de terceira pessoa, Efeito Forer, Efeito Barnum (pt), Ilusão de controle, Efeito de falso consenso, Efeito Dunning-Kruger (pt), Efeito difícil-fácil, Ilusão de superioridade, Efeito lago Wobegone, Viés de autoconveniência (pt), Viés do ator-observador, Viés da correspondência, Hipótese de atribuição defensiva, Viés de atribuição de traço pessoal, Justificação pelo esforço, Compensação de risco (pt), Efeito Peltzman (pt), Falácia da poltrona.
- Para nos mantermos focados, favorecemos coisas imediatas e identificáveis à nossa frente sobre o que é atrasado e o que é distante. Valorizamos mais as coisas no presente do que no futuro e nos relacionamos mais com histórias de indivíduos específicos do que indivíduos ou grupos anônimos. Estou surpreso que não haja mais vises em relação a isso, considerando o quanto impacta a forma como pensamos sobre o mundo. Veja: Desconto hiperbólico, Apelo a novidade (pt), Efeito de vitma identificável.
- Para fazer qualquer coisa, estamos motivados a concluir aquilo em que já investimos tempo e energia. A versão do economista comportamental da primeira lei de movimento de Newton: um objeto em movimento permanece em movimento. Isso nos ajuda a terminar as coisas, mesmo que nos deparemos com mais e mais motivos para desistir. Veja: Falácia dos custos irrecuperáveis (pt), Escalada irracional (pt), Escalada de compromisso (pt), Aversão a perda, Efeito IKEA, Efeito de processamento de dificuldade, Efeito de geração, Viés de risco zero, Efeito de disposição, Viés de unidade, Efeito de pseudocerteza, Efeito de posse, Efeito rebote (pt).
- Para evitar erros, somos motivados a preservar nossa autonomia e status em um grupo e a evitar decisões irreversíveis. Se precisamos escolher, tendemos a escolher a opção que é percebida como a menos arriscada ou que preserva o status quo. Melhor o diabo que você conhece que o diabo que você não conhece. Veja: Justificação do sistema, Reatância (pt), Psicologia reversa (pt), Efeito de atração, Viés de comparação social, Viés de status quo, Paradoxo de Abilene (pt), Lei do instrumento, Lei do martelo, Martelo de Maslow, Martelo de ouro, Cerca de Chesterton, Problema de hipopótamo.
- Preferimos opções que pareçam simples ou que tenham informações mais completas sobre opções mais complexas e ambíguas. Preferimos fazer a coisa rápida e simples a fazer a coisa complicada e importante, mesmo que a coisa complicada e importante seja, em última análise, um uso melhor de tempo e energia. Veja: Efeito de ambiguidade (pt), Viés de informação, Viés de crença, Efeito da rima como razão, Efeito bicicletário (pt), Lei da trivialidade (pt) , Efeito Delmore, Falácia da conjunção, Navalha de Occam (pt), Efeito menos é melhor, Hipótese Sapir-Whorf-Korzybski.
Problema 4: O que devemos lembrar?
Há muita informação no universo. Nós só podemos manter os bits que provavelmente serão úteis no futuro. Precisamos fazer apostas e compensações constantes no que tentamos lembrar e no que esquecemos. Por exemplo, preferimos generalizações sobre especificidades porque ocupam menos espaço. Quando há muitos detalhes irredutíveis, selecionamos alguns itens de destaque para salvar e descartamos o resto. O que salvamos aqui é o que tem maior probabilidade de informar aos nossos filtros relacionados à sobrecarga de informações do problema 1, bem como informar o que vem à mente durante os processos mencionados no problema 2 sobre preenchimento de informações incompletas. Tudo é auto-reforçante.
- Nós editamos e reforçamos algumas memórias após o fato. Durante esse processo, as memórias podem se tornar mais fortes, no entanto, vários detalhes também podem ser acidentalmente trocados. Às vezes, acidentalmente injetamos um detalhe na memória que não estava lá antes. Veja: Erro de atribuição de memória, Confusão de fonte, Criptomnésia (pt), Falsa memória (pt), Sugestionabilidade (pt), Efeito de espaçamento (pt).
- Descartamos os detalhes para formar generalidades. Fazemos isso por necessidade, mas o impacto de associações, estereótipos e preconceitos implícitos resulta em algumas das consequências mais flagrantemente ruins de nosso conjunto completo de vieses cognitivos. Veja: Associações implícitas, Estereótipos implícitos, Viés de estereótipo, Preconceitos (pt), Viés de desbotamento emocional.
- Nós reduzimos eventos e listas a seus elementos-chave. É difícil reduzir os eventos e as listas à generalidade. Por isso, selecionamos alguns itens para representar o todo. Veja: Regra pico-fim, Nivelamento e modelagem, Efeito de desinformação, Negligência à duração, Efeito de lembrança serial, Efeito de comprimento de lista, Efeito de modalidade, Inibição da memória, Efeito da lista de dicas, Efeito da primazia, Efeito do mais recente, Efeito de posição serial, Efeito do sufixo.
- Armazenamos memórias de maneira diferente com base em como foram obtidas. Nosso cérebro codificará apenas informações que considere importantes na ocasião, mas essa decisão pode ser afetada por outras circunstâncias (o que mais está acontecendo, como as informações são apresentadas, se podemos facilmente encontrar a informação novamente se precisarmos, etc) que têm pouco a ver com o valor da informação. Veja: Efeito de superioridade das imagens, Níveis de processamento, Efeito do teste (pt), Mente ausente, Efeito do próximo da fila, Fenômeno ponta da língua, Efeito Google, Efeito de auto referência.
Ótimo, mas como vou me lembrar disso tudo?
Você não precisa. Mas você pode começar lembrando esses quatro problemas gigantescos para os quais nossos cérebros evoluíram para lidar nos últimos milhões de anos (e talvez marcar esta página como favorita se você quiser fazer ocasionalmente fazer referência a ela pelo viés exato que está procurando):
- Sobrecarga de informação é um saco, por isso temos que filtrá-la agressivamente. O ruído se torna sinal.
- Falta de significado é confusa, por isso preenchemos as lacunas. Sinal se torna história.
- Necessitamos de agir rápido para não perder a nossa chance, então tiramos conclusões precipitadas. Histórias se tornam decisões.
- Não está ficando fácil, por isso tentamos lembrar os bits importantes. Decisões informam nossos modelos mentais do mundo.
A fim de evitar o afogamento na sobrecarga de informações, nossos cérebros precisam vasculhar e filtrar quantidades insanas de informações e, rapidamente, quase sem esforço, decidir quais são as poucas coisas naquela mangueira de incêndio que são realmente importantes e escolhê-las.
A fim de construir significado a partir dos fragmentos de informação que nos chegam, precisamos preencher as lacunas e adaptar tudo isso para os modelos mentais pré-existentes. Enquanto isso, também precisamos garantir que tudo continue relativamente estável e o mais preciso possível.
Para agir com rapidez, nossos cérebros precisam tomar decisões em frações de segundos que possam afetar nossas chances de sobrevivência, segurança ou sucesso, e nos sentimos confiantes de que podemos fazer as coisas acontecerem.
E, para continuar fazendo tudo isso da maneira mais eficiente possível, nossos cérebros precisam lembrar os bits mais importantes e úteis de novas informações e informar os outros sistemas para que possam se adaptar e melhorar com o tempo, mas não mais do que isso.
Parece muito útil! Então, qual é o lado negativo?
Além dos quatro problemas, seria útil lembrar essas quatro verdades sobre como nossas soluções para esses problemas têm seus próprios problemas:
- Nós não vemos tudo. Algumas das informações que eliminamos são realmente úteis e importantes.
- Nossa busca por significado pode evocar ilusões. Às vezes, imaginamos detalhes que foram adicionadas por nossas suposições e construímos significados e histórias que não estão realmente lá.
- Decisões rápidas podem ser seriamente falhas. Algumas das reações e decisões rápidas que adotamos são injustas, egoístas e contraproducentes.
- Nossa memória reforça os erros. Algumas das coisas de que nos lembramos mais tarde tornam todos os sistemas acima mais enviesados e mais prejudiciais aos nossos processos de pensamento.
Ao manter em mente os quatro problemas com o mundo e as quatro conseqüências da estratégia do nosso cérebro para resolvê-los, a heurística de disponibilidade (pt) (e, especificamente, o fenômeno de Baader-Meinhof) garantirá que notemos nossos próprios vieses com mais frequência. Se você visitar esta página para refrescar sua mente de vez em quando, o efeito de espaçamento (pt) ajudará a sublinhar alguns desses padrões de pensamento, de modo que nosso viés de ponto cego e o nosso realismo ingênuo sejam mantidos sob controle.
Nada do que fazemos pode fazer com que os 4 problemas desapareçam (até que tenhamos uma maneira de expandir o poder computacional e o armazenamento de memória de nossas mentes para combinar com os do universo), entretanto se aceitarmos que somos permanentemente tendenciosos, mas que há espaço para melhorias, o viés de confirmação continuará nos ajudando a encontrar evidências que suportem isso, o que acabará nos levando a entender melhor a nós mesmos.
“Desde que aprendi sobre o viés de confirmação, eu continuo o vendo em todo lugar!”
Vieses cognitivos são apenas ferramentas, úteis nos contextos certos, prejudiciais em outros. Elas são as únicas ferramentas que temos e são muito boas no que devem fazer. Podemos também nos familiarizar com eles e até mesmo apreciar que pelo menos tenhamos alguma capacidade de processar o universo com nossos misteriosos cérebros.
Dois dias depois desta postagem, John Manoogian III perguntou se poderia fazer um “pôster diagramático” dela, para o qual eu naturalmente disse SIM. Aqui está sua criação:

Se você quiser, pode comprar uma versão de pôster da imagem acima aqui. Se quiser brincar com os dados no formato JSON, pode fazer isso aqui.